Você está criando uma criança consumista?
Desde de Abril último, quando foi publicada pelo Conanda, a Resolução 163 que prevê o fim da veiculação de propagandas à crianças menores de 12 anos, fez ressurgir a discussão sobre os limites da publicidade infantil.

Você está criando uma criança consumista?
Embasada por pesquisas e com a justificativa de que as crianças não conseguem diferenciar o que é publicidade do que é conteúdo, sendo persuadida com facilidade, a medida propõe reduzir a comunicação abusiva.
O cérebro é um conjunto de sistemas integrados em redes neurais cuja plasticidade possibilita que os estímulos ambientais interfiram no seu desenvolvimento, moldando comportamentos, principalmente nas fases iniciais da vida.
Sob o ponto de vista neurobiológico a criança não possui repertório e capacidade de abstração para tomar decisões. Sob o aspecto psíquico tem dificuldade de identificar suas emoções, nomeá-las e principalmente relacioná-las.
Essa questão da publicidade infantil já foi muito discutida no que tange no setor alimentar. Em 2012 a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) publicou recomendações com a intenção de desenvolver padrões alimentares mais saudáveis.
Neste caso havia subsídio empírico e risco à saúde, facilmente mensurados por exames laboratoriais e indicadores orgânicos.
A medida atual, refere-se a fatores psicológicos onde os instrumentos de análise são subjetivos e mais difíceis de serem comprovados, principalmente no que diz respeito aos seus impactos a longo prazo.
Além disso, o ato de comprar está relacionado à construção da identidade, à sensação de pertencimento e ao prazer e faz parte da formação do indivíduo.
Esse comportamento pode ser ensinado, com o intuito de desenvolver na criança o senso crítico, assim como se ensina a respeitar os colegas.
Em meio a esse debate, me atrevo a fazer algumas perguntas que tem me intrigado:
- Quem colocou a criança como alvo da mídia?
- O que ou quem ‘proveu’ o poder de compra às crianças?
- Quem permite a exposição excessiva à tv?
- O ingênuo (e prático) passeio ao shopping, não induz ao consumo e associa a compra ao lazer?
- E o ponto de venda como fica nessa história? Não há nele comunicação mercadológica para a atrair a criança
Ok, é preciso poupar a criança do excesso!
Porém, ensinar e dar o exemplo com atitude condizente ao discurso ainda me parece a forma mais efetiva para conduzir as crianças ao consumo consciente e, sabemos a quem compete esta responsabilidade. Você está fazendo sua parte?
Autora do Post:
Luciana Oliveira de Angelis – Docente e Coordenadora de Cursos no SENAC Santo André.
Luciana Angelis – luangelis@gmail.com