Saiba avaliar seus alunos corretamente
Avaliar o aluno dentro e fora da sala de aula vai além da aplicação de provas e trabalhos.
Avaliação seletiva ou formativa? Eis a questão!
Para avaliar, é necessário estabelecer planos de aprendizagem que contemplem as seguintes áreas:
- A aprendizagem
- O trabalho
- As relações dentro de sala de aula
- A família e a escola
O mais importante que a escola e o professor devem ter em mente é:
A avaliação a ser aplicada vai priorizar a seleção ou a formação?
De acordo com Perrenoud, avaliar é:
“[…] avaliar é – cedo ou tarde – criar hierarquias de excelência, em funções das quais se decidirão a progressão no curso seguido, a seleção no início do secundário, a orientação para diversos tipos de estudos, a certificação antes da entrada no mercado de trabalho e, frequentemente, a contratação. Avaliar é também privilegiar um modo de estar em aula e no mundo, valorizar formas e normas de excelência, definir um modelo, aplicado e dócil para uns, imaginativo e autônomo para outros…”
A avaliação escolar por seleção
Notas, uma forma de avaliação constantemente questionada por diversos educadores. A avaliação por notas objetiva-se na seleção – os melhores dos piores.
Avaliar um aluno apenas por sua nota não representa seu sucesso ou fracasso em sua vida acadêmica ou profissional. Utilizada por muitos professores como forma de “pressão psicológica” nos alunos, ajuda a manter o controle absoluto em sala de aula, com a ameaça não do que pode acontecer no presente, mas sim no futuro: passar de ano.
A aplicação de notas pode ser uma boa forma de avaliação se aplicada corretamente, não selecionando os melhores dos piores,mas sim unindo os alunos que tiveram um melhor desempenho em sala de aula junto aos alunos que não conseguiram a qualificação mínima necessária naquele momento em determinada avaliação.
Cabe ao professor orientar ao aluno que seu comportamento, sua falta de dedicação e a falta de estudos complementares resultaram no despreparo na avaliação e como resultado, a nota baixa.
No entanto deve mostrar com exemplos os impactos que isso pode ocasionar, neste caso a reprovação final, mas sempre deixar claro que todos têm a mesma oportunidade e que cabe ao aluno realizar tais mudanças para obter uma melhor qualificação.
A avaliação por notas serve também para orientar a família sobre possíveis problemas que estão ocorrendo com o rendimento do aluno na escola, podendo assim tomar medidas de acompanhamento e prevenção no rendimento escolar a tempo.
Infelizmente muitas escolar ainda trabalham no conceito da avaliação classificatória – o melhor aluno ou o pior aluno – apenas apontando os erros cometidos, e não analisando e tomando iniciativas de correção destes erros, sem buscar meios para compreendê-los e trabalhá-los da forma correta, o que empobrece o aprendizado e induz ao fracasso.
A avaliação escolar formativa
A avaliação formativa muda o conceito ao realizar-se a aplicação de uma avaliação, neste caso o foco principal é a avaliação pelo conhecimento do aluno e não especificamente pela sua nota, analisando de forma criteriosa o nível de domínio do conhecimento e dos processos intelectuais do aluno.
Uma importante desenvoltura do aluno na avaliação formativa é na capacidade de se tornar um formador de opinião, não apenas “aceitando” tudo o que o professor fala, mas sim discutindo e debatendo os assuntos, colocando seu ponto de vista, se tornando não mais apenas um aluno receptivo, mas sim colaborativo com professores e colegas de sala, não sendo avaliado como – bom ou mal aluno – mas sim pela sua capacidade de formar opinião sobre o conhecimento adquirido.
O foco central da aprendizagem formativa para Perrenoud, pode ser definida pelos seguintes itens:
- O prazer de aprender
- O interesse pela realidade
- O interesse no questionamento
- Reflexão na criatividade e originalidade
As forma de ajudar o aluno nesta forma de aprendizado segundo Perrenoud são:
- Explicar mais simplesmente para uns e mais longamente para outros
- Engajar os alunos em atividades mais mobilizadoras
- Desenvolver a confiança do aluno, engajar seu potencial em agir e aprender
- Mostrar as possibilidades de recompensa com o esforço e a dedicação, não apenas no “passar de ano”
- Deixar claro a parcela de autonomia do aluno e sua responsabilidade
Ao aplicar essas atividades, o professor tem a possibilidade de avaliar as necessidades de cada aluno, intervindo de forma substancial em sua forma da aprendizagem.
Caso real – As atividades mobilizadoras como centro de desenvolvimento
Instituto Ronald McDonald utiliza projeto desenvolvido por estudantes do Senac SA
Sob a coordenação de Renato Bongiorno atual Social Media Consultant e ex-Coordenador de Cursos de TI no SENAC e Andréa Angelis, Diretora Educacional da EnsinoIP, uma equipe de docentes orientou os alunos do curso técnico em informática do SENAC em um projeto com o objetivo de desenvolver um website como forma de avaliação dos conhecimentos técnicos adquiridos no módulo corrente.
Para engajar os alunos e mostrar de forma saudável o espírito competitivo que existe no mercado de trabalho, foi proposto o desenvolvimento do website de uma ONG, onde os responsáveis da ONG avaliaram a apresentação realizada pelos alunos e escolheram o website que mais atendesse às suas necessidades.
Foi notável a diferença no engajamento dos alunos em “se desenvolver e se envolver”, quando colocados a frente de uma situação real, onde um dos seus trabalhos seria utilizado para um bem e para uma colocação no mercado. O espírito de equipe e a colaboração entre as equipes motivou, além do estudo técnico, o desenvolvimento humano de cada aluno.
Ao compararmos os projetos desenvolvidos com propósitos apenas de avaliação conceitual com este projeto de atividades mobilizadoras, notou-se um crescimento de interesse, responsabilidade e autonomia entre a maior parte dos alunos.
Octógono de Forças
O principal desafio na aplicação da avaliação formativa está na mudança da escola. Deve-se acreditar que ela é possível para a maioria dos alunos e a forma de como a grade escolar é composta deve passar por mudanças substanciais, colocando a formação da competência como foco principal, e não a avaliação seletiva por notas como na maioria dos casos.
A avaliação ainda está no centro do sistema didático e do sistema de ensino, conforme ilustra a imagem proposta por Perrenoud em seu livro Avaliação: da excelência à Regulamentação das aprendizagens:entre duas lógicas.
Octógono de Forças da Avaliação por Perrenoud em Avaliação: da excelência à Regulamentação das aprendizagens:entre duas lógicas.
Autor do Post:
Renato Bongiorno – Social Media Consultant & Web Designer. Atuou na Coordenação e Docência de TI no SENAC.
Renato Bongiorno – contato@bongiornoweb.com.br
Fonte: Educação Profissional e Práticas de Avaliação – Jurandir Santos
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